sexta-feira, 14 de setembro de 2007


A criação do Mundo - visão Nàgó-Yorùbá

Criação do mundoEm épocas memoriais, a Terra era apenas uma imensidão aguacenta e pantanosa. Sendo assim Olórun-Olódùmarè convocou Obàtálá para comparecer à sua presença e encarregou-o da obrigação de criar o mundo. Para tal, ele recebeu o Àpo-Ìwa – o saco da existência.Obàtálá foi então consultar Òrúnmìlà que recomendou fazer oferendas para não ter problemas no caminho de sua empreitada. Mas Obàtálá não levou a sério a recomendação de Òrúnmìlà, pois acreditou somente em seus poderes.Odùdúwà que observava tudo atentamente, também foi consultar Òrúnmìlà, que assegurou que se ele oferecesse os sacrifícios prescritos seria o chefe do mundo que iria ser criado.A oferenda consistia em quatrocentas mil correntes, uma galinha com pés de cinco dedos, um pombo e um camaleão, além de quatrocentos mil búzios. Sendo assim Odùdúwà fez as oferendasChegando o dia da criação do mundo, Obàtálá se pôs a caminho do Òrun, onde Èsù é guardião – Oníbodè-Òrun. Mas Obàtálá não fez as oferendas neste lugar como estava prescrito.Èsù que ficou muito magoado com a insolência de Obàtálá, usou de seus poderes para se vingar de Obàtálá. Onde uma grande sede começou a atormentar Obàtálá, que aproximou-se de uma palmeira e tocou seu tronco com seu comprido bastão – Òpá-Sorò. Da palmeira jorrou vinho em abundancia e Obàtálá bebeu do vinho até embriagar-se. Ficou completamente bêbado e adormeceu na estrada, à sombra da palmeira de dendê – Igi-Òpe. Ninguém ousaria despertar Obàtálá.Odùdúwà tudo acompanhava. Quando certificou-se do sono de Obàtálá, Odùdúwà apanhou o saco da criação que fora dado a Obàtálá por Olódùmarè. Foi a Olódùmarè e lhe contou o ocorrido. Olódùmarè viu o saco da criação em poder de Odùdúwà e confiou a ele a criação do mundo.Com as quatrocentas mil correntes Odùdúwà fez uma só e por ela desceu até a superfície do mar – Òkun.Sobre as águas sem fim, abriu o saco da criação e deixou cair um montículo de terra. Soltou a galinha de cinco dedos e ela voou sobre o montículo, pondo-se a ciscá-lo. A galinha espalhou a terra na superfície da água.Odùdúwà exclamou: “Ilé Ifè!” – a terra é ampla!, frase que depois deu nome à cidade de Ifé, cidade que está situada no lugar onde Odùdúwà criou o mundo.Em seguida Odùdúwà apanhou o camaleão – Agemo – e fez com ele caminhasse naquela superfície, demonstrando assim a firmeza do lugar. Enquanto isto Obàtálá continuava adormecido e Odùdúwà partiu para a terra para ser seu dono.Então, Obàtálá despertou e tomou conhecimento do ocorrido. Voltou a Olódùmarè contando sua historia. Olódùmarè disse: “O mundo já está criado. Perdeste uma grande oportunidade” e para castigá-lo proibiu Obàtálá de beber vinho de palma para sempre, ele e todos os seus descendentes.Mas a missão não estava ainda completa e Olódùmarè deu outra dádiva a Obàtálá: a criação de todos os seres vivos e criou o homem.Obàtálá modelou em barro os seres humanos e o sopro de Olódùmarè os animou.O mundo agora se completara.E todos louvaram Obàtálá, Odùdúwà e Olódùmarè – Deus Supremo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

VODU HAITIANO



O VOODOO HAITIANO...Vodu é uma tradição espiritual originada no Haiti durante o período de escravidão colonial francesa. Africanos de muitas linhagens étnicas foram transportados à força para o Haiti, para servirem principalmente como escravos agricultores.Os povos nativos das ilhas, os Taino e os Carib, foram exterminados pelos espanhóis durante as primeiras invasões. Durante este período histórico, europeus da França e de outros países, incluindo deportados pro-Stuart da Escócia, radicaram no Haiti. Devido à tantas linhagens estarem representadas, nenhum culto africano poderia satisfazer todos os participantes, pois a reverência aos ancestrais era muito importante. Entretanto, cada nação tomaria sua vez num encontro. Essa alternância de cultos eventualmente evoluiu para a ordem cerimonial da liturgia Vodu. Durante este período formativo é que foram adotadas também entidades européias pré-cristãs, como Brigid, ou Maman Brigitte na tradição vodu. Também houve uma pequena influência das populações restantes de Tainos e Caribs.Também há sectos no Vodu, assim como em tantas outras religiões. O primeiro e mais amplamente conhecido é o Vodu Ortodoxo. Nesta seita, o Rito Dahomeano tem posição de primazia e as iniciações são conduzidas com base principalmente no modelo dahomeano. Um sacerdote ou sacerdotisa recebe o asson, um chocalho ritual, como símbolo do sacerdócio. Neste rito, um sacerdote é chamado de Houngan, ou às vezes de Gangan; uma sacerdotisa é conhecida como Mambo.No vodu ortodoxo, as linhas Iorubás também têm certa proeminência. Outras nações ou linhagens que não a Dahomeana são vistas com menor importância, como subtítulos na ordem cerimonial. Este rito é amplamente representado no Haiti, e concentrado em Port Au Prince e no sul do Haiti. O segundo secto é chamado de Makaya. Neste rito, as iniciações são menos elaboradas e o sacerdote ou sacerdotisa não recebem o asson. Um sacerdote makaya é chamado de Bokor e uma sacerdotisa é às vezes chamada de Mambo, às vezes de sorcière.

Cont.1Os termos bokor e sorcière são pejorativos no vodu ortodoxo e o termo bokor pode também servir para classificar um especialista em magia maléfica não iniciado, também chamado de malfacteur.Tais indivíduos não são clericais em qualquer seita. A liturgia makaya é menos uniforme de peristilo ( terreiro ) para peristilo do que a do vodu ortodoxo e há uma ênfase maior na magia do que na religião. Este rito está presente em Port Au Prince e é fortemente representado no Vale Artibonite, no Haiti central. Um terceiro secto é o Rito Kongo. Como o próprio nome já diz, é quase que exclusivamente representante da tradição do Kongo. A iniciação é baseada no modelo kongo; o sacerdote e a sacerdotisa são ambos chamados de Serviteur. No vodu ortodoxo, um(a) serviteur é apenas o iniciado que serve o Loa (deidade do vodu). Este rito está concentrado perto de Gonaives, no centro do Haiti e um grande festival anual dos Kongo é realizado perto em Sucrie, perto de Gonaives.Todas estas tradições têm pontos em comum :- Há apenas um Deus, chamado de Gran Met, o Grande Mestre; e também de Bondye, do francês Bon Dieu, o Bom Deus. - Há entidades menores, chamadas de Loa (singular). Elas são consideradas acessíveis de imediato através do mecanismo de possessão. Tal estado é considerado normal e natural dentro do contexto duma cerimônia vodu e também altamente desejável, havendo entretanto uma certa etiquette para a mesma ocorrer, que será discutida em lições mais avançadas.- Todos os ritos empregam orações, cânticos, percussão, roupas específicas e danças durante as cerimônias. 2 - Quem pode participar do Vodu ?Qualquer um pode participar dos ritos. Não há qualquer requisito de sexo, raça, idade, opção sexual ou origem nacional. Muito menos é pedido para se abandonar crenças e afiliações religiosas anteriores. No Haiti, a vasta maioria de praticantes é também católica romana.


Cont.2Indivíduos que tenham um grau iniciático podem participar de cerimônias privadas relativas à outros indivíduos de seu próprio grau ou mais baixo. Pessoas com graus mais baixos não podem participar de cerimônias aferidas a graus mais altos porque o conhecimento ali presente é secreto e elas não seriam competentes para lidar com a mesma. Houve algumas controvérsias nos últimos anos nos EUA sobre afiliação e participação étnica em religiões afroamericanas.Alguns houngans e mambos inescrupulosos enganam estrangeiros desavisados, realizando cerimônias falsas e cobrando taxas exorbitantes. Outros têm um certo entendimento silencioso de que eles não revelarão o conhecimento secreto do Vodu, isto é, informação e iniciação corretas, a pessoas que não sejam pretas e que não sejam haitianas. Entretanto, outros houngans e mambos têm a visão que as pessoas são escolhidas pelos loa, e não de outra maneira, e que qualquer sacerdote que recuse iniciar e treinar um estrangeiro enviado por um loa irá sofrer graves conseqüências. A iniciação requer um período significante de estudo e o compromisso mostrado por um estrangeiro será o suficiente para qualquer sacerdote/sacerdotisa oficiante. Eu inclusive vi um houngan defender vigorosamente seu candidato não haitiano e refutar quaisquer opiniões que invalidassem o iniciante.Eu ressalvo que o respeito pelos negros de qualquer parte do mundo é imanente às tradições vodu. Nunca devemos esquecer que incontáveis negros foram arrancados de suas terras, estuprados, torturados, castrados e queimados vivos num esforço para erradicar o vodu. O Vodu deu suporte ao ímpeto de resistência à escravidão colonialista e foi combustível para a única rebelião de escravos de sucesso real na América, sendo responsável pela formação da primeira república independente negra americana. Mesmo recentemente na ocupação militar ianque no Haiti, de 1915 a 1934, foi realizado um esforço sistemático para a erradicação do vodu.

Cont.3Templos foram destruídos, tambores ancestrais sem preço foram queimados e houngans e mambos foram surrados, presos e assassinados.3 - Nomes e Graus dos Níveis Iniciatórios do Vodu Há uma série de níveis iniciatórios no vodu ortodoxo, que são atingidos seqüencialmente conforme o indivíduo cresce em conhecimento e permanência na comunidade vodunista. Todos os graus de iniciação estão abertos tanto para os homens como para as mulheres.Uma pessoa não iniciada que freqüenta as cerimônias, recebe aconselhamento e tratamento medicinal do houngan ou da mambo e toma parte nas atividades do vodu é normalmente chamada de vodunista. Este é um termo geral, assim como cristão ou budista .Um não iniciado que está associado a um peristilo em particular, freqüenta as cerimônias regularmente e aparenta estar sendo preparado para a iniciação é classificado como hounsi bossale. Hounsi é da linguagem Fon dos Dahome e significa noiva do espírito , embora o termo no Haiti seja utilizado para homens e mulheres. Bossale significa selvagem ou indomado , no sentido de um cavalo selvagem.O primeiro grau de iniciação confere o título de hounsi kanzo. Kanzo, também do Fon, refere-se ao fogo, e a cerimônia do fogo, também chamada de Kanzo, empresta seu nome a todo o ciclo iniciático. Indivíduos que são kanzo podem ser comparados a batizados numa seita cristã. Numa cerimônia vodu, os hounsi kanzo vestem-se com uma roupagem branca, formam o coro e são prováveis candidatos de possessão pelos loa. O segundo grau é chamado de si puen, sur point em francês, isto é, no ponto , sobre o ponto . Este termo se refere ao fato de que o iniciado passa por cerimônias no ponto ou apadrinhado por um loa em particular. Essa pessoa é então considerada um houngan ou uma mambo e lhes é permitido o uso do asson, sagrado chocalho emblema do sacerdócio.

Cont.4Indivíduos que são si puen podem ser comparados a pastores de seitas cristãs. Numa cerimônia eles conduzem orações, cânticos e rituais e são candidatos quase inevitáveis para possessão. Uma vez iniciados como sur point eles podem realizar iniciações de hounsi kanzo e de si puen. O terceiro e último grau de iniciação é o asogwe. Houngans e mambos asogwe podem ser comparados aos bispos das seitas cristãs, pois podem consagrar outros sacerdotes. Indivíduos que são asogwe podem iniciar outros em kanzo, si puen e em asogwe. Numa cerimônia eles são a autoridade final sobre os procedimentos, a menos que um loa esteja presente e manifesto através do mecanismo de possessão. Eles são também o último recurso quando a presença de um loa específico é requerida. É dito que um asogwe tem o asson , referindo-se à capacidade do asogwe de conferir um outro iniciado com o asson, elevando então o grau deste a asogwe.Mesmo um houngan ou mambo asogwe deve submeter-se à opinião do houngan ou da mambo que o iniciou, dos que foram iniciados em asogwe antes dele, do houngan ou mambo que iniciou seu iniciador, dos iniciadores deste e por aí vai. Estas relações podem se tornar realmente complexas e há um ponto na cerimônia do vodu ortodoxo onde todos houngans e mambos, sur point e asogwe, participam duma série de gestos e abraços rituais que servem para elucidar e regular estas relações.

Cont.5Os Ancestrais e a Maneira Vodu de Recuperação dos Mortos Os ancestrais, zanset yo no Creole haitiano, estão sempre com um vodunista. Ele vive, age, respira com a consciência de sua presença. O hino nacional do Haiti começa assim Pelo país e pelos ancestrais, nós andamos unidos...No interior do Haiti, cada aglutinado familiar tem seu cemitério familiar. As tumbas dos familiares são tão elaboradas quanto possível. Algumas lembram casas nas quais a cripta é subterrânea. As estruturas construídas para as famílias ricas podem até conter pequenas salas de estar, com um retrato do falecido e boas cadeiras. Quando um visitante adentra as terras de uma família para uma visita extensa, a cortesia requer que ele faça uma pequena libação de água nas tumbas para que os ancestrais o recebam bem. Membros da família e convidados podem também, a qualquer momento, fazer uma iluminação . Velas ou fitas de cera de abelha são acesas, colocadas nas tumbas e então uma pequena prece é dita.Na cidade, a lei requer que se enterre no cemitério da cidade. Novamente, as estruturas podem ser bem elaboradas e grandes cadeados e outros meios de segurança são usados para evitar que violadores de tumbas roubem metais, ossos e outros artigos da pessoa morta.Os ossos de indivíduos mortos são considerados de grande poder mágiko, especialmente se a pessoa morta fosse um houngan ou uma mambo ou fosse de alguma maneira notável e distinta, para o bem ou para o mal.Um vodunista é enterrado com uma cerimônia católica romana e uma vigília é feita durante nove dias após a morte. A nona noite é chamada de denye priye, a última prece. Após a última prece, a parte católica do funeral é encerrada.Em algum ponto, antes ou após a cerimônia católica, a cerimônia de vodu desounin é realizada. Neste rito, as partes componentes da alma e da força de vida da pessoa e o loa primário na cabeça da pessoa são separados e enviados para seus destinos corretos.


23 fev
Cont.6O desounin de um houngan famoso e altamente respeitado pode ser assistido por centenas de enlutados lamentosos vestidos de robes brancos. É neste momento que o herdeiro de qualquer loa familiar libertado do falecido é normalmente revelado, ficando o indivíduo escolhido brevemente possuído. Um ano e um dia após a morte do indivíduo pode ser feita a cerimônia mo nan dlo (tirar o morto da água). O espírito da pessoa é chamado através de um vaso com água, que é coada por um lençol branco para um pote de barro limpo chamado govi, onde é ritualisticamente instalado. A voz do morto pode ser ouvida através do govi ou através de uma pessoa brevemente possuída para o propósito. O govi é reverentemente colocado no djevo, ou salão interno do templo.Algumas vezes o espírito de um ancestral pode retornar por sua própria vontade como um loa Ghede. Parte 2 - Os loas ancestrais : Baron, Maman Brigitte e os loa GhedeBARON - O cabeça da família de ancestrais loa é o Baron (barão).Ele é mestre do cemitério e guardião do conhecimento ancestral. Ele tem vários aspectos incluindo Baron Samedi, Baron Cemetiere, Baron la Croix e Baron Criminel. Em todos seus aspectos ele é um loa masculino com uma voz nasal, carrega um cajado ou baton, usa impropérios livremente e se veste de negro ou púrpura. Ele é considerado o último recurso para mortes causadas por magia, porque mesmo se um feitiço trouxer uma pessoa para perto da morte, se o Baron se recusar a cavar a cova , a pessoa não morre.


23 fev
Cont.7Baron, com sua esposa Maman Brigitte, é também responsável por recuperar as almas dos mortos e transformá-las em loa Ghede. Baron pode ser invocado para casos de esterilidade e ele é o juiz divino para o qual as pessoas podem trazer seus pedidos, cantando: Ó kwa, Ó jibile ! 2x (Ó cruz, Ó júbilo !)Ou pa we m inosan ? (Não vês que sou inocente ?)O túmulo do primeiro homem enterrado em qualquer cemitério do Haiti, quer a pessoa em vida participasse do Vodu ou não, é dedicado para o Baron (não Ghede) e uma cruz cerimonial é erigida no ponto. Em terrenos familiares no interior, uma família pode erigir uma cruz para o Baron de sua linhagem e nenhum peristilo é completo sem sua cruz para Baron. Baron pode ser invocado a qualquer momento e ele pode aparecer sem ser chamado, tão poderoso é ele. Ele bebe rum no qual vinte e uma pimentas vermelhas foram pisadas, bebida que mortal algum pode suportar. Suas comidas cerimoniais são café preto, amendoim grelhado e pão. Ele dança extraordinariamente banda improvisada e às vezes coloca seu bastão no meio das pernas, representando assim o falo. Baron é um loa muito masculino. O Festim dos Ancestrais, Fet Ghede, é considerado o final do velho ano e o começo do novo, tal qual na tradição européia Wicca. Quaisquer débitos com Baron, Maman Brigitte ou Ghede devem ser pagos nesta festa. O Baron Criminel canta para seus devedores : Bawon Criminel, map travay pou ve de te yo, m pa bezwenn lajan !Bawon Criminel, Ó! Lane a bout o, map paret tan yo !Barão Criminal, estou trabalhando para os vermes da terra (pessoas pobres), eu não preciso de dinheiro ! Barão Criminal, Ó ! O ano terminou, eu aparecerei para esperá-los (para pagarem-me) !

Cont.8MAMAN BRIGITTEMaman Brigitte, surpreendentemente para um loa de Vodu, é britânica em origem, descende de Brigid/St. Brigit, a deusa tripla celta de poesia, forjaria e cura. Ela deve ter entrado para o Haiti nos corações dos escravos deportados escoceses e irlandeses. Há uma canção que nós cantamos em cerimônias : Maman Brijit, nan anglete de soti de li, Maman Brigitte, ela é da Inglaterra..." (Eu penso que Brigid era escocesa, não inglesa, mas talvez no Haiti a palavra anglete represente todas as Ilhas britânicas.) Hoje em dia, Maman Brigitte é considerada esposa do Baron, mestre do cemitério e chefe de todos os ancestrais, conhecidos como loa Ghede. O túmulo da primeira mulher enterrada em qualquer cemitério no Haiti é consagrado a Maman Brigitte e lá é erigida a cruz cerimonial dela. Ela, também como o Baron, é invocada para elevar o morto ", significando curar e salvar os que estão no ponto de morte por enfermidade causada por magia. Aqui está uma canção muito famosa sobre Maman Brigitte cantada em cerimônias de Vodu: Mesye la kwa avanse pou l we yo!Maman Brigitte malad, li kouche sou do, Pawol anpil pa leve le mo (morts de les, Fr.)Mare tet ou, mare vant ou, mare ren ou, Yo prale we ki jan yap met a jenou.Cavalheiros da cruz (os antepassados falecidos) avancem para ela vê-los!Maman Brigitte está doente, ela se deita de costas, Muita conversa não elevará a morta, Amarre sua cabeça, amarre sua barriga, amarre seus rins, Eles verão como eles ajoelharão.(Significando, arregace as mangas para se preparar , nós faremos para as pessoas que fizeram este feitiço maléfico ajoelharem-se, implorar perdão e receber o castigo delas.)


Cont.9Maman Brigitte, como o resto da constelação Ghede é um loa boca-dura que usa muitas obscenidades. Ela bebe rum com pimenta, tão quente que uma pessoa não possuída por um loa nunca poderia beber isto. Ela também é conhecida por passar pimentas haitianas quentes na pele dos órgão genitais do cavalo e este é o teste para o qual são sujeitadas as mulheres suspeitas de falsa possessão . Ela dança a banda sexualmente sugestiva e artística e seu virtuosismo na dança é legendário.Maman Brigitte e Baron são a mãe e o pai que recuperam os mortos e os transformam em loa Ghede e os removem das águas místicas onde eles estavam sem conhecimento da própria identidade, nomeando-os. Há uma canção melancólica sobre a condição das almas nas águas místicas que também é cantada quando um iniciado está preparando-se para o período de exclusão, morte ritual e renascimento do ciclo de iniciação: Dlo kwala manyan, nan peyi sa maman pa konn petit li, Nan peyi sa, fre pa konn se li, dlo kwala manyan.Água manyan de kwala (palavras não creole), naquele país uma mãe não conhece a própria criança.Naquele país um irmão não conhece sua irmã, água manyan de kwala.

Cont.10O LOA GHEDE Os loa Ghede são uma família enorme de loa, tão numerosos e variados como eram as almas das famílias das quais eles se originaram. Desde que eles são todos membros da mesma família, as crianças espirituais de Baron e Maman Brigitte, eles têm todos o mesmo sobrenome - La Croix, a cruz. Não importa outros nomes que eles possam vir a carregar, a assinatura deles sempre é La Croix. Algum os nomes de Ghede incluem: Ghede Arapice Croix, Brav Ghede de la Croix, Ghede Secretaire de la Croix, Ghede Ti-Charles la Croix, Makaya Moscosso de la Croix; e nomes tristes e degradantes como GhedeTi-Mopyon la de Deye Croix (Ghede Pequeno Piolho de Caranguejo Atrás da Cruz), Ghede Fatra de la Croix (Lixo Ghede da Cruz), Ghede Gwo nan de Zozo CrekTone de la Croix (Ghede Pinto na Buceta Trovão da Cruz) e por aí vai.. Há uma razão para estes nomes estranhos que ficará clara mais à frente. A vasta maioria de Ghedes é masculina. Ghede pode possuir qualquer um, a qualquer hora, até mesmo os protestantes (para enorme vergonha deles.) No Haiti eu tenho uma amiga que um dia estava observando um grupo de mulheres possuído por Ghede dançando a banda. Ela disse algo como, " Olhe as prostitutas nojentas, elas não têm nenhum respeito por si mesmas . Naquele mesmo lugar, a Ghede possuiu minha amiga, a lançaram ao solo, prostraram-na e declararam que ela iria se juntar aos ancestrais! Súplicas e intercessões dos familiares finalmente pacificaram o Ghede que prometeu ceder - com a condição de que a mulher e tornasse Mambo! Mambo Delireuse agora pratica em uma área rural próximo del'Artibonite de Riviere Delicada, no Haiti central! Os Ghedes são figuras muito transitivas, existindo entre a vida e a morte, entre os antepassados em Guiné e entre os homens e mulheres vivos do Haiti. Talvez é por isto que eles sejam homenageados a meio caminho da plena cerimônia de Vodu ortodoxa, depois do Rada (Dahomean e Iorubá) e antes do Petro.

Cont.11O Ghedes vestem-se quase como seu pai Baron - roupas negras ou púrpuras, chapéus elaborados, óculos escuros, às vezes sem uma lente, um cajado ou baton. Eles também dançam a banda, mas eles retêm mais da personalidade da pessoa de quem eles se originaram.A família de Ghede, incluindo o pai e a mãe, o Baron e a Maman Brigitte, são absolutamente notórios no uso de baixarias e termos sexuais. Há uma razão para isto - os Ghede estão mortos, além de qualquer castigo. Nada mais pode ser feito a eles, assim o uso de profanidades normalmente entre os haitianos um pouco formais são um modo de declaração, "Eu não me preocupo! Eu passei além de todo o sofrimento, eu não posso ser ferido ". Num país onde desrespeito para com figuras de autoridade era até recentemente punido com tortura ou morte, esta é uma mensagem poderosa. Porém, esta profanidade nunca é usada de modo maligna ou abusiva, para amaldiçoar alguém. Sempre é humorístico, até mesmo quando há uma forte mensagem envolvida.Há algumas canções muito imponentes e dignas cantadas para Ghede, particularmente o mais velho, raciais ou aspectos raiz, como Brav Ghede. Hoje em dia, entretanto, a ênfase está no humor sexual e obsceno promovido pelos loa Ghede. Aqui está uma canção popular cantada para Ghede em peristilos de Vodu e em celebrações públicas:Si koko te gen dan li tap manje mayi griye, Se paske li pa gen dan ki fe l manje zozo kale! Se vagina tivesse dentes, comeria milho assado, É porque não tem nenhum dente que come pênis descascado !Da mesma maneira, é dito que um ghede é um ladrão. É verdade que ele se apropria do que quiser de vendedores de rua, mas uma vez que este ceda às demandas do loa, este se limita a pegar um pouco de coco ou de milho de assado. Na Fet Ghede, a maioria dos terreiros cozinham especialmente comida para as centenas de Ghedes que aparece vagando pelas ruas.

Cont.12Aqui está uma canção que uma multidão de Ghedes cantou enquanto iam para a casa de uma Mambo famosa e particularmente generosa da área de Port au Prince :Ting ting ting ting kay Lamesi,Whoi mama,Kay la Mesi gen yon kochon griye,Whoi mama!Ting ting ting ting a casa de LamesiMamãe de Whoi,A casa de Lamesi tem uma porca inteira assada,Mamãe de Whoi!FET GHEDE NO HAITI ATUALMENTEDois de novembro, Dia dos Mortos, normalmente chamado de FetGhede (pronuncia-se guêdei)é um feriado nacional no Haiti. Católicos assistem missa de manhã e então vão para o cemitério, onde eles rezam e fazem consertos nas tumbas de familiares. A maioria dos católicos haitianos também são vodunistas, e vice-versa, de modo que no caminho para o cemitério muitas pessoas mudam de roupas, do branco que eles vestem para ir à igreja para o púrpura e negro dos loa Ghede, os espíritos de antepassados.No meio da manhã as ruas de Port Au Prince estão atulhadas de milhares de pessoas. Dúzias já estão possessas por um Ghede e suas vozes nasais, piadas obscenas e giros da dança banda os fazem inconfundíveis. Grand Cemetiere, o cemitério principal de Port Au Prince, é lotado por pessoas. Multidões apertam-se ao redor da cruz cerimonial de 8 metros de Baron e da cruz menor de Maman Brigitte. Muitos trazem oferendas de café e rum que eles vertem ao pé das cruzes. Eles também oferecem pão, amendoim grelhado, milho assado e às vezes comida apimentada. Ocasionalmente uma pessoa, normalmente um Houngan ou Mambo, sacrificam uma galinha ou um par de pombos. As oferendas são rapidamente consumidas pelos mendigos que se amontoam pelo cemitério. Algumas pessoas vendem velas, fitas de cera de abelha e imagens religiosas de santos para representar o Baron, Maman Brigitte e os Ghedes.


Cont.13Imagine uma Mambo em saias volumosas de negro e lavanda, um babado das mesmas cores, vários lenços de seda amarrados ao redor de sua cabeça e fios de contas ao pescoço dela; ela aproxima-se da cruz de Maman Brigitte com seus hounsis (os que receberam a primeira iniciação.) Ela leva fitas de cera de abelha pegajosa que ela afixa a cada braço da cruz e ao centro.Então ela retira uma galinha preta de seu saco de palha e a passa em cima dos corpos dos hounsis, removendo todas as más influências. Depois da oração, ela mata a galinha rapidamente da mesma maneira que ela faria para uma refeição ordinária.O sangue jorra na cruz e ela doa a galinha a uma mendiga faminta que espera.A Mambo é possuída por Maman Brigitte e profetiza os eventos do próximo ano. Um do hounsis que se comportou mal é castigado com alguns tapas gentis e um que está doente recebe uma receita para um tônico de ervas. Então Maman Brigitte encharca a cruz dela com rum, canta e dança a banda com grande virtuosismo para alegria dos presentes. Alguns momentos depois ela sai da cabeça da Mambo, que ,novamente consciente, recompõe-se a e deixa o cemitério com dignidade extrema. Pela cidade, no cemitério de Drouillard, onde é enterrado o mais pobre dos pobres, as pessoas do bairro Cite de Soleil, a adoração é ainda mais intensa. Filas de vodunistas de vários peristilos marcham cantando atrás de times de percussionistas, com cada vez mais pessoas sofrendo possessões conforme eles se aproximam do cemitério. Os que permanecem conscientes visitam os sepulcros de amigos e parentes e falam a eles como se pudessem ouvir debaixo do solo." Olhe, Papai, " diz uma mulher, " eu trouxe comida para você ".Irmão mais velho, lamenta um homem jovem, " o Exército o matou, nós achamos seu corpo em pedaços, mas todos eles estão aí, irmão, não estão? Você não tocará os tambores novamente para nós, querido irmão.... Mamãe sente saudades, ela quis vir mas ela está doente. Veja o rum que eu trouxe para você!"


Cont.14Os loa Ghede varrem o cemitério gritando piadas obscenas e cantando canções obscenas com todo o ar de seus pulmões.Aqui está uma canção popular entre os Ghedes ano passado no cemitério de Drouillard:Zozo, tone! A la yon bagay ingra, (repita) Koko malad kouche, zozo pa bouyi te ba l bwe , Koko malad kouche, zozo pa vine we l.Pênis, pelo trovão! Que coisa ingrata, (repita) Vagina está doente e cansada, pênis não ferve chá para ela, Vagina doente e cansada, pênis não vem a ver.Ano passado eu, uma Mambo americana, deixei um peristilo com um Houngan e nossa congregação. O Houngan teve em sua cabeça um Baron poderoso chamado Secretaire de la Croix, mas Secretaire estava recusando-se a possuir o Houngan, porque o Houngan tinha pego algum dinheiro dado para o Fet Gede e tinha usado para seus próprios propósitos. O Houngan foi muito humilhado, e decidiu ir diretamente para o cemitério pedir perdão.Eu fiz uso de um caminhão, assim nós o enchemos de membros de nosso peristilo e rumamos pelas ruas sufocadas para o cemitério. Nós ficamos presos no tráfego e como esperamos demais, Baron Secretaire de la Croix ficou impaciente e me possuiu! Até onde me foi falado, havia um carro na pista da contramão, também parado. Secretaire abriu a janela do motorista da pickup e começou a falar com os ocupantes do carro, muito surpreendidos por ver um Baron na cabeça de uma Mambo estrangeira! Duas senhoras muito ricas sentadas na parte de trás do carro foram para quem Baron prestou honra especial. " Boa noite, senhoras. Baron disse." Boa noite, Baron, Papai." elas deram risada. " E como estão seus clitóris hoje ? o Baron inquirindo muito seriamente.Se seus clitóris não estiverem bem, vocês podem me falar e eu direi para esses dois grandes pênis velhos na frente do carro para entrarem em ação!As mulheres que em qualquer outra circunstância teriam ficado furiosas, riram, como fizeram os dois homens na frente do carro. As velhas apoiaram na janela e responderam ao Baron.

Cont.15" Nossos clitóris estão muito bem, Papai Baron. Muito obrigado !E em alguns momentos cessara o trânsito intenso e o Baron me lançou da possessão e me deixou dirigir a pickup até o cemitério e lidar com a vergonha de nossos membros do peristilo rirem histericamente, relatando o incidente para mim!À noite, cada peristilo faz uma dança em honra de Baron, Maman Brigitte, e dos Ghedes. As pessoas que vêm devem estar todas alimentadas e os loa que aparecem também são festejados com caldeiras de comida especialmente preparadas para eles. A dança segue ao longo na noite, mesmo até a alvorada. O talento artístico dos loa é incomparável e até mesmo não-vodunistas vêm assistir. Então os adoradores exaustos voltam para casa, esperar o próximo Fet Ghede do ano seguinte. O LWACaracterísticas Gerais dos Loa O Vodu é mal entendido freqüentemente como sendo politeísta, sincrético e animista. Estes conceitos errados serão clareados conforme nós discutirmos as características dos loa. Vodunistas acreditam em um Deus, Gran Met, ou Grande Mestre.Este Deus é todo poderoso, onisciente, mas lamentavelmente ele é considerado algumas vezes distante e destacado de negócios humanos.Ele é não obstante presente na fala diária dos haitianos que nunca dizem "Até amanhã", sem que somem " se Deus quiser ".Os loa são entidades menores, mas mais prontamente acessíveis. À parte de um amor generalizado para com os descendentes de africanos, os loa requerem uma relação mútua com o adorador. Os loa servem aqueles que os servem. Os Loa têm características bem definidas, incluindo números sagrados, cores, dias, comidas cerimoniais, maneirismos de fala e objetos rituais. Então, um loa pode ser servido usando-se roupas das cores do loa, fazendo oferendas de comidas preferidas e observando os dias sagrados para o loa.

Cont.16Muitos loa são figuras arquetípicas representadas em muitas culturas. Por exemplo, Erzulie Freda é uma deusa de amor comparável a Vênus, Legba é um loa da comunicação comparável a Hermes ou Mercúrio. Estas correspondências, e às vezes pura coincidência, levou os haitianos a comparar aspectos de loa e imagens de santos católicos como eles eram representados em litografias populares. Durante os dias do colonialismo francês, quando a maioria de pessoas pretas no Haiti eram escravas que haviam nascido na África, a adoração dos santos proveu uma cobertura conveniente para os rituais de deuses africanos.Até mesmo o priere Guiné, uma oração longa recitada perto do começo de cerimônias de Vodu ortodoxas, incorporam versos sobre a Virgem Maria e vários santos.Isto não significa, porém, que os loa foram sincretizados com os santos católicos. Ninguém confunde Ogoun Feraille com São James, o Grande, simplesmente a imagem que é usada. Se São James é invocado, ele é considerado diferente de Ogoun.Embora o priere Guiné incorpore versos sobre santos católicos, ninguém confunde uma cerimônia de Vodu realizada num peristilo com uma missa católica. John Murphy, em seu livro Santeria , propõe simbiose como um termo mais preciso que sincretismo. Os Loa às vezes são considerados residentes em árvores, pedras ou raramente em animais. Porém, o loa na árvore não é o loa da árvore e cerimônias realizadas ao pé da árvore são dirigidas ao loa, não a qualquer princípio animista de energia vital pertencente à árvore. Os Loa do Vodu manifestam sua vontade através de sonhos, incidentes incomuns e através do mecanismo de possessão. A possessão é considerada normal, natural e desejável no contexto de uma cerimônia de Vodu e sob outras circunstâncias. Lwa que se manifestam por possessão cantam, dançam, contam piadas, curam doentes e dão conselhos.

Cont.17Que grupos de loa são reconhecidos ?Em uma cerimônia de Vodu ortodoxo, seguinte ao priere Guiné e às saudações para a assembléia e à energia espiritual dos tambores e percussionistas, os loa são honrados em seqüência. A sua vez, são oferecidas canções para cada loa e em casos específicos, oferendas de comida ou sacrifícios de animais. Um iniciado tem que memorizar esta seqüência como uma parte do seu treinamento e um Houngan ou Mambo devem poder observar esta ordem quando administrando uma cerimônia. Um mínimo de três canções são cantadas para cada loa e cada canção é repetida pelo menos três vezes.No rito de Vodu ortodoxo, há três grupos principais de loa : o Rada, o Ghede e o Petro. Os loa do Rada são principalmente mas não exclusivamente Dahomeanos em origem. Suar cor cerimonial é branca, com a qualificação que loas individuais dentro deste grupo podem ter suas próprias cores. Eles são considerados misericordiosos e em alguns casos tão antigos por serem vagarosos e desprendidos no agir. Os ritmos dos loas de Rada são batidos em tanbou kon, tambores com tiras de madeira que seguram o couro estirado em cima da cabeça de tambor. A pele do tambor maior, o maman, é couro de vaca, o outro de couro de cabra. Os tambores são tocados com baquetas. Esta parte da cerimônia é disciplinada, concentrada, meticulosa e cerebral. Os loa Rada, em ordem cerimonial, são como segue: Legba, Marassa, Maluco, Aizan, Damballah e Aida Wedo, Sobo, Badessy,Agassou, Silibo, Agwe e La Sirene, Erzulie, Bossu, Agarou, Azaka, o grupo Ogoun (St. Jacques de Ogoun, Ossange, Ogoun Badagri, Ogoun Feraille, Ogoun Fer, Ogoun Shango, Ogoun Balindjo, Ogoun Balizage, OgounYemsen).Seguindo os loa Rada, vêm a família Ghede incluindo Baron e Maman Brigitte. Não há nenhuma ordem particularde aparição destes loa dentro do seu próprio grupo. Suas cores cerimoniais são o violeta e o negro. O grupo dos Ghede é obsceno e lascivo, e eles provêem boas risadas para segurar o intenso e disciplinado esforço da seção Rada.


Cont.18Os Barons e Brigittes são muito místicos. Os Ghede estão sempre ansiosos para contar piadas e dar conselhos.Depois do Rada e do Ghede resta uma parte da cerimônia dedicada para os loa do grupo Petro. Estes loa são predominantemente do Congo e de origem ocidental. Sua cor cerimonial é vermelha. Eles são considerados ferozes, protetores, mágikos e agressivo para com os adversários. O ritmo dos loa Petro é batido em tanbou fey, tambores com aro de corda que segura o couro estirado em cima da cabeça do tambor. A cabeça deste tambor é exclusivamente de couro de cabra e é batido com as palmas das mãos.Esta parte da cerimônia é quente, de ritmo rápido e excitante. Os loa Petro, em ordem cerimonial, são como segue: Legba Petro, Marassa Petro, Wawangol, Ibo, Senegal, Kongo, Kaplaou, Kanga,Takya, Zoklimo, Simbi Dlo, Gran Simba, Carrefour, Cimitiere, Gran Bwa, Kongo Savanne, Erzulie Dantor (também conhecida como Erzulie Je Rouge), Marinette, Don Petro, Ti-Jean Petro, Gros Point, Simbi Andezo, Simbi Makaya.Quando as três repetições da canção final para Simbi Makaya são terminadas, a cerimônia acaba. Às vezes participantes que são especificamente entusiasmados continuarão a cantar canções populares que, embora relacionadas aos loa, necessariamente não são parte da ordem cerimonial. Tais canções são parte da música popular haitiana, feita por artistas haitianos. Uma vez que os participantes estejam satisfeitos, os tambores são deitados e todos vão descansar em esteiras de talos de bananeira até o alvorecer. Os loa chamados DjabA palavra djab no Crèole haitiano é derivada do francês diable (diabo), mas o termo no contexto do Vodu haitiano leva conotação diferente. Certos loa são individuais e sem igual, servidos por só um indivíduo, às vezes uma Mambo ou um Houngan e são considerados quase propriedade do indivíduo. Estes loa não se ajustam facilmente na liturgia de Vodu ortodoxo, em qualquer dos três grupos.


Cont.19Certos loa são individuais e sem igual, servidos por só um indivíduo, às vezes uma Mambo ou um Houngan e são considerados quase propriedade do indivíduo. Estes loa não se ajustam facilmente na liturgia de Vodu ortodoxo, em qualquer dos três grupos. Tais loa, e mesmo loa mais comuns, como os loa Makaya, são comumente chamados djab, mas aqui na significação arcaica de espírito, não necessariamente bom ou ruim. A função destes djab é mágika ao invés de religiosa. Um djab é freqüentemente conjurado por um Houngan, Mambo ou Bokor, em nome de um cliente, para entrar em ação agressiva contra o inimigo do cliente ou concorrente do mesmo. Um djab requer pagamento do cliente por seus serviços, normalmente na forma de sacrifício animal regularmente realizado. Um Houngan ou Mambo que servem um djab são normalmente protegidos de possíveis atos de agressão fortuita pelo djab; geralmente por um garde, uma proteção mágika efetuada esfregando ervas secas especialmente preparadas em cortes pequenos feitos cerimonialmente na pele do indivíduo. O garde é anualmente renovado no solstício de inverno, quando os membros se reúnem para preparar ervas. As leves cicatrizes do garde formam um padrão peculiar para a sociedade, e podem servir como uma marca identificando membros. Por exemplo, eu tenho em meu ombro esquerdo um garde conferido a mim pelo Houngan Sauvert Joseph que ajudou a minha iniciação. No encontro anual de sua sociedade, eu recebi o garde do djab Kita Maza, um djab protetor afável mas agressivo e a forma da cicatriz, uma cruz dupla semelhante em forma a um jogo-da-velha, é distinguível para Kita Maza e para a sociedade do Houngan Sauvert Joseph. Djabs também pode ser específicos para um determinado lugar. Nas cavernas de Bodde perto de Trouin no sul do Haiti, acredita-se que resida um djab de nome Met Set Joune, Mestre Dos Sete Dias.


Cont.20Até mesmo se uma Mambo, Houngan ou Bokorsirva este djab em um peristilo localizado em outro lugar, as cavernaspermaneceram a casa do djab.Certos djabs particularmente amorais podem ser invocados, drenara energia vital de uma pessoa e efetuar seufalecimento. Quando um djab é responsável pela morte de uma pessoa, o ditocrèole não é o djab matou a pessoa , mas ao invés,djab la manje moun nan, o djab comeu a pessoa . Isto não significa que acarne da pessoa é comida canibalisticamente peloHoungan, Mambo ou Bokor possuído pelo djab, somente que o djab consome aforça vital da pessoa.Um Houngan ou uma Mambo ortodoxos estão sob juramento de nuncaferir alguém, embora as invocações de djabs sãomais freqüentes no caso de Bokors. Porém um iniciado de Vodu ortodoxo podeinvocar um djab e até mesmo dirigi-lo para mataruma pessoa, se a pessoa é uma assassina, um ladrão profissional ou umseqüestrador profissional.Mambo Marinette invocou uma loa Petro freqüentemente chamada dedjab, Erzulie Dantor, e executou o sacrifíciode um porco selvagem, à cerimônia de Bwa Caiman em 1794, o que começou arevolução haitiana. Durante a revolução, djabshaitianos eram muito importantes e acreditava-se que conferiam imunidadecontra as balas desferidas pelo escravizador francêsbranco. Até mesmo a morte da maioria dos membros da força expedicionária doGel. LeClerc devido a febre amarela foi devidaao resultado do trabalho de djabs.SEU ALTAR E PRIMEIRA OFERENDA AOS ANCESTRAISConstruindo um AltarPessoas de muitas fés diferentes constróem altares. Até mesmo pessoas que não pertencem a qualquer fé particular podem reservar um canto de um quarto onde eles se sentam e pensam, meditam e rezam, fazem yôga ou tocam um tambor africano.

Cont.21Muitas vezes eles criam altares improvisados que incluem muitos destes objetos - flores, pedras e cristais, símbolos sagrados, fotografias ou imagens dos antepassados do indivíduo ou de personagens importantes, incensos, instrumentos musicais, velas, livros espiritualistas.Conscientemente ou inconscientemente, quando nós construímos altares nos comprometemos num esforço em abrir a mais enigmática de todas as portas - a porta entre o mundo humano e o mundo espiritual. Um altar é uma representação da mesma porta em termos materiais - o altar é a porta. Quando você se senta na frente de seu altar, você está convidando as forças espirituais do outro lado desta porta para te notarem, te visitarem e agirem sobre você.Considerando que a maioria das pessoas que moram no Brasil nãopodem começar a prática desta religião assistindocerimônias de Vodu, uma das primeiras coisas que se pode fazer é construirum altar. Os altares de Vodu são tão variadosquanto os indivíduos que praticam o mesmo. De certo modo, um peristilo é umaltar, grande o bastante para os adoradoresdançarem ao redor do centro, tocar tambor, executar sacrifícios, sofrerpossessão - em resumo, representar cada aspectodo drama cósmico. Dentro do peristilo há áreas dedicadas a um loaespecífico - a cruz do Baron ou uma barraca de folhasde palmeira para Erzulie. Junto ao peristilo existem salas menores chamadasdjevo ou bagi nas quais são mantidos os objetoscerimoniais de uma sociedade de Vodu. Porém, estes objetos que incluemchocalhos sagrados, garrafas vazias para oferendasde bebida, tetes dados durante a iniciação e potes de barro chamados govi,não têm uso algum para quem não seja iniciado.

Cont.22Um modelo melhor é achado no kay myste (do francês caille des mysteres, casa de mistérios). Estas são casas pequenas, freqüentemente não maiores do que 5 a 7 metros, nas quais são construídos altares individuais para cada loa que o dono da kay myste serve . Estes altares incorporam muitos materiais comuns, facilmente disponíveis em todos lugares no mundo. Eles são notáveispor sua individualidade e beleza. Frequentemente são construídos altares no Haiti num chão sujo. Sua kay myste pode consistir em uma área pequena em seu quarto ou sala, embora o sentimento no Haiti é que não é bom dormir no mesmo lugar com objetos consagrados ao loa, especialmente com uma pessoa do sexo oposto; exceto durantea iniciação, quando o sexo é proibido de qualquer maneira. Você pode separar esta área com uma cortina ou separar um quartointeiro para o serviço ao loa. As instruções que seguem lhe darão sugestões para construir um tipo de altar muito básico que pode ser então ser elaborado para o serviço a qualquer loa específico que você deseje. Sugestões para construir um altar básico:No Haiti, quando um Vodunista deseja fazer um altar em casa paraum aspecto determinado de Deus, um santo, ou um loa, eles conseqüentemente compram certos objetos religiosos identificadoscom qualquer princípio que eles queiram servir e então um Houngan ou Mambo monta e consagra o altar. Alguns são feitos por definição em um chão sujo, outros são construídos em plataformas de tábuas ou mais freqüentemente de concreto.

Cont.23Aqui está um possível método para montar um altar básico emlugar fechado, sem ser em chão sujo. Adquira um pano branco e lave em água com sua primeira urinada da manhã. Você pode substituir a urina por vinagre. Deixe o lençol secar ao ar livre, ao sol se possível. Cubra sua mesa de altar com ele e então borrife-o levemente com seu perfume favorito. Logo, consiga quatro pedras pequenas que encontre próximas à sua casa, limpe-as deixando-as de molho com sal grosso e enxaguando bem, então coloque uma pedra em cada canto de seu altar. Limpe uma garrafa de vinho, uma tigela de vidro ou outra vasilha e encha de água. Não use metal ou louça - apenas vidro ou cristal. Coloque-a no centro de seu altar e adicione três de porções de anisete ou rum branco assim que você abençoar a água. É comum no Vodu a prática de batizar objetos rituais, quer dizer, dar nomes a eles. Você pode levar um maçode manjericão e pode ungir o batismo sobre seu vidro de água que agora será uma passagem poderosa para energia espiritual.Você pode nomear quase qualquer coisa apropriado, de maneira fantástica e positiva - Água da Vida ou Gargarejo da Mamãe Que Traz Espírito ou o que quer que seja! Em um castiçal de vidro, coloque um pouco de terra de próximo da sua casa e uns grãos de sal grosso. Pegue uma vela branca e com algum óleo vegetal puro esfregue do meio até o topo e então do meio até a base. Enquanto você lubrificaa vela, dirija sua energia para suas mãos e ore por consciência espiritual. Ponha firmemente na frente a vela no castiçal e coloque tudo na frente da vasilha de água. Não acenda a vela ainda. Ao redor do altar você colocará outros objetos de acordo com osprincípios divinos que você deseja servir. Um santuário de Acestrais terá imagens de antepassados mortos, o altar de Ogoun terá um machete e um lenço vermelho, o santuário de Erzulie Freda terá flores e jóias, e assim por diante.



Cont.24Realizando um Festim Ancestral Agora que você construiu um altar básico, você está pronto para o primeiro passo na prática do Vodu - reverência aos seus ancestrais. Não importa como tenha feito seu altar, sempre se lembre que é uma porta entre o mundo humano e o mundo dos antepassados e dos loa. Deixe-o empoeirado, deixe que a água fique escura e envelheça, use-o como um local conveniente para deixar chaves e lápis; ignore-o, e você se achará cansado, drenado, azarado e não-inspirado. Trate-o com respeito, mantenha-o imaculado, limpo, visite-o freqüentemente e você será recompensado com crescimento espiritual, energia, vitórias pessoais e incidências notáveis. Seus antepassados o amam. Eles virão e o visitarão, aceitarão suas oferendas. Eles o instruirão, protegerão você, lutarão por você e o curarão. Eles lhe trarão mensagens através da intuição e dos sonhos. Obtenha uma foto ou figura de um parente falecido seu cujo amor para com você está além da dúvida. Se você não tem nenhum parente falecido de quem você se lembre bem, ou de sangue ou por adoção, você pode escolher uma imagem de uma pessoa que representa a você sabedoria e amor ancestrais e dê um nome a esta pessoa. Você também pode obter imagens que lhe agradem de antepassados de todas as raças humanas. Coloque estas imagens atrás da vasilha de água em seu altar, em qualquer tipo de porta-fotos ou prenda-as na parede atrás de seu altar. Esta parede também pode ser coberta com um pano branco e as imagens fixadas nele. Arrume as imagens até que você sinta como elas devem estar ordenadas. Você pode escolher trabalham com uma imagem ou muitas. Sente-se na frente de seu altar. Você pode soar um sino pequeno ou pode balançar um chocalho cerimonial para sinalizar o começo de sua meditação. Acenda a vela branca do seu altar e se possível acenda algum incenso de coco ou baunilha. Amarre um pano branco em volta de sua cabeça se quiser. Contemple a água no cálice central.


Cont.25Relaxe e faça qualquer exercício mágiko com o qual você está familiarizado. Respire fundo, em contagem regressiva de dez até zero ou trabalhando com os chakras, tanto faz. Pense em seu antepassado escolhido. Se possível, relembre e visualize cenas do passado no qual você viveu com aquele antepassado. Sinta o amor entre vocês, que os conecta. Imagine o amor que brilha de seu coração como um raio de luz que atravessa a água e vai para a imagem do antepassado. Convoque o nome de seu antepassado em voz alta, repetidamente.Fale para o antepassado que você o ama e que você quer trabalhar junto com ele. É um princípio básico do Vodu que o vivo e o morto trabalham juntos ajudando-se mutuamente. Quando você sentir a presença dos antepassados, verta no chão um pouco da água três vezes para lhes dar boas-vindas. Faça freqüentemente esta meditação, até que seja uma rotina confortável. Dentro de uma semana ou duas de prática regular e eficaz, você deverá fazer um festim ancestral para oferecer a seus antepassados.É um banquete que deve incluir comidas favoritas de seus antepassados em vida, com a exceção que a comida não deve ser salgada. Oferendas de ancestrais genéricos (aqueles que você não conheceu vivos) incluem milho grelhado, amendoim grelhado, coco fresco, comidas brancas como pudim de arroz, leite e bolos de massa com farinha.Coloque cada tipo de comida em uma tigela e coloque uma vela branca entre as tigelas. Podem ser colocadas oferendas de líquidos em copos. Toque cada prato ou tigela na sua testa, coração e área genital e então cheire profundamente a comida (quase encoste-a no nariz). Fale com seus ancestrais, lembre-lhes que eles já foram parte do mundo dos vivos e que um dia você irá se unir a eles. Peça-lhes para afugentar todo mal como pobreza, enfermidade, desemprego, fadiga, discórdia, tristeza.Peça-lhes para trazer a você tudo aquilo é bom, inclusive amor, dinheiro, trabalho, saúde, alegria, amizade, riso.Acenda as velas, ponha a comida no altar e deixe o quarto.


Cont. 26Quando as velas terminarem de queimar, e de preferência na manhã seguinte, pegue a comida e jogue-a fora ao pé de uma árvore grande.Se isso não for possível, ponha-a em uma bolsa de lixo e jogue-a separadamente de qualquer outro lixo. Lave os pratos, tigelas e copos, esfregue-os com sal e separe-os. Não os use para qualquer outra coisa, nem mesmo para refeições comuns,apenas para outro trabalho de Vodu. A Experiência de uma Mambo.Meu primeiro banquete ancestral aconteceu antes de que eu fosse ordenada como uma Mambo. Eu queria que tudo estivesse tão bonito quanto possível, assim eu limpei minha sala primeiro, então meu altar e todos os objetos do altar, cristais, panos do altar, etc. Eu borrifei o altar com perfume e pus velas novas nos castiçais. Eu fiz tipos diferentes de comida. Havia galinha, arroz e feijão, verduras cozidas e frutas tropicais para meus antepassados africanos; salsicha, batatas cozidas, saurkraut e doces para meus antepassados europeus, amendoins tostados, milho fervido e carne de coco como comida genérica de antepassado. Havia cerveja, rum,leite, suco de fruta - em resumo, tudo eu pude pensar. Todo prato de comida teve sua própria vela. Eu apresentei as comidas e as bebidas para os antepassados, acendi as velas, meditei e deixei o quarto.Aquela noite, eu tive alguns sonhos muito interessantes. De manhã, eu notei a condição das velas - toda vela foi queimada até o fim - nem uma gota de cera ou um fragmento de pavio permaneceu em qualquer dos pratos. Puxa , eu pensei, esses antepassados realmente deviam estar famintos! Eu recolhi a comida e coloquei tudo ao pé de uma árvore perto de um rio. Enquanto eu caminhava para casa, eu pensei, qual de meus ancestrais ou loa virá me ajudar agora ? Era um dia bonito de primavera e eu estava caminhando só em uma estrada rural. Um pequeno fusca amarelo estava passando e buzinou. Eu pensei que a pessoa devia estar perdida e queria indicações, mas assim que olhei, não havia motorista no carro! Instintivamente eu notei a placa - 125 LOA !

Conclusão:Agora, você poderia pensar que alimentar e servir 125 loa deixaria minha conta do supermercado enorme. Mas de fato, a parte de cerimônias maiores, os serviços regulares para os antepassados consistem de um pouco de comida no jantar de segunda-feira, libações ocasionais e a observância correta do Festim dos Mortos (Fet Ghede) a cada 2 de novembro. ;)

domingo, 15 de abril de 2007

EGUNGUN O COMEÇO E O FIM NO CONTESTO YORUBA


EGUNGUN

O Egun é a morte que volta à terra em forma espiritual e visível aos olhos dos vivos. Ele "nasce" através de ritos que sua comunidade elabora e pelas mãos dos ojé (sacerdotes) munidos de um instrumento invocatório, um bastão chamado ixan, que, quando tocado na terra por três vezes e acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a "morte se torne vida", e o Egungun ancestral individualizado está de novo "vivo".
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados. O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito. Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa. Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria (veja os mitos de
Oyá).


- Babá Egun ,sob vigilancia do Ojé ,aconselha um fiel prostrado à sua frente. -
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egun) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.
A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixan para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns. Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.
Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.
Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos. Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.

O RITO

Nas festas de Egungun, em Itaparica, o salão público não tem janelas, e, logo após os fiéis entrarem, a porta principal é fechada e somente aberta no final da cerimônia, quando o dia já está clareando. Os Eguns entram no salão através de uma porta secundária e exclusiva, único local de união com o mundo externo.
Os ancestrais são invocados e eles rondam os espaços físicos do terreiro. Vários amuixan (iniciados que portam o ixan) funcionam como guardas espalhados pelo terreiro e nos seus limites, para evitar que alguns Babá ou os perigosos Apaaraká que escapem aos olhos atentos dos Ojé saiam do espaço delimitado e invadam as redondezas não protegidas.
Os Eguns são invocados numa outra construção sacra, perto mas separada do grande salão, chamada de ilê awo (casa do segredo), na Bahia, e igbo igbalé (bosque da floresta), na Nigéria. O ilê awo é dividido em uma ante-sala, onde somente os Ojé podem entrar, e o lêsànyin ou balé, onde só os Ojé agbá entram (veja o anexo :
Oiê masculinos).
Balé é o local onde estão os idi-egungun, os assentamentos - estes são elementos litúrgicos que, associados, individualizam e identificam o Egun ali cultuado -, e o ojubô-babá, que é um buraco feito diretamente na terra, rodeado por vários ixan, os quais, de pé, delimitam o local.
Nos ojubô são colocadas oferendas de alimentos e sacrifícios de animais para o Egun a ser cultuado ou invocado. No ilê awo também está o assentamento da divindade Oyá na qualidade de Igbalé, ou seja, Oyá Igbalé - a única divindade feminina venerada e cultuada, simultaneamente, pelos adeptos e pelos próprios Eguns (veja mitos de
Oyá e Egun).
No balé os Ojé atokun vão invocar o Egun escolhido diretamente no seu assentamento, e é neste local que o awo (segredo) - o poder e o axé de Egun — nasce através do conjunto Ojé-ixan / idi-ojubô. A roupa é preenchida e Egun se torna visível aos olhos humanos.


- Ojé e Amuixan ,atentos ,acompanham Babá Egun na sua caminhada. -
Após saírem do ilê awo, os Eguns são conduzidos pelos amuixan até a porta secundária do salão, entrando no local onde os fiéis os esperam, causando espanto e admiração, pois eles ali chegaram levados pelas vozes dos Ojé, pelo som dos amuixan, branindo os ixan pelo chão e aos gritos de saudação e repiques dos tambores dos alabê (tocadores e cantadores de Egun). O clima é realmente perfeito.

O SALÃO E A FESTA

O espaço físico do salão é dividido entre sacro e profano. O sacro é a parte onde estão os tambores e seus alabês e várias cadeiras especiais previamente preparadas e escolhidas, nas quais os Eguns, após dançarem e cantarem, descansam por alguns momentos na companhia de outros, sentados ou andando, mas sempre unidos, o maior tempo possível, com sua comunidade. Este é o objetivo principal do culto: unir os vivos com os mortos.
Nesta parte sacra, mulheres não podem entrar nem tocar nas cadeiras, pois o culto é totalmente restrito aos homens. Mas existem raras e privilegiadas mulheres que são exceção, como se fossem a própria Oyá; elas são geralmente iniciadas no culto dos Orixás e possuem simultaneamente oiê (posto e cargo hierárquico) no culto de Egun — estas posições de grande relevância causam inveja à comunidade feminina de fiéis. São estas mulheres que zelam pelo culto, fora dos mistérios, confeccionando as roupas, mantendo a ordem no salão, respondendo a todos os cânticos ou puxando alguns especiais, que somente elas têm o direito de cantar para os Babá. Antes de iniciar os rituais para Egun, elas fazem uma roda para dançar e cantar em louvor aos Orixás; após esta saudação elas permanecem sentadas junto com as outras mulheres. Elas funcionam como elo de ligação entre os atokun e os Eguns ao transmitir suas mensagens aos fiéis. Elas conhecem todos os Babá, seu jeito e suas manias, e sabem como agradá-los (veja o anexo :
Oiê femininos).
Este espaço sagrado é o mundo do Egun nos momentos de encontro com seus descendentes. A assistência está separada deste mundo pelos ixan que os amuixan colocam estrategicamente no chão, fazendo assim uma divisão simbólica e ritual dos espaços, separando a "morte" da "vida". É através do ixan que se evita o contato com o Egun: ele respeita totalmente o preceito, é o instrumento que o invoca e o controla. As vezes, os mariwo são obrigados a segurar o Egun com o ixan no seu peito, tal é a volúpia e a tendência natural de ele tentar ir ao encontro dos vivos, sendo preciso, vez ou outra, o próprio atokun ter de intervir rápida e rispidamente, pois é o Ojé que por ele zela e o invoca, pelo qual ele tem grande respeito.
O espaço profano é dividido em dois lados: à esquerda ficam mulheres e crianças e à direita, os homens. Após Babá entrar no salão, ele começa a cantar seus cânticos preferidos, porque cada Egun em vida pertencia a um determinado Orixá. Como diz a religião, toda pessoa tem seu próprio Orixá e esta característica é mantida pelo Egun. Por exemplo: se alguém em vida pertencia a Xangô, quando morto e vindo como Egun, ele terá em suas vestes as características de Xangô, puxando pelas cores vermelha e branca. Portará um oxê (machado de lâmina dupla), que é sua insígnia; pedirá aos alabês que toquem o alujá, que também é o ritmo preferido de Xangô, e dançará ao som dos tambores e das palmas entusiastas e excitantemente marcadas pelos oiê femininos, que também responderão aos cânticos e exigirão a mesma animação das outras pessoas ali presentes.
Babá também dançará e cantará suas próprias músicas, após ter louvado a todos e ser bastante reverenciado. Ele conversará com os fiéis, falará em um possível iorubá arcaico e seu atokun funcionara como tradutor. Babá-Egun começará perguntando pelos seus fiéis mais freqüentes, principalmente pelos oiê femininos; depois, pelos outros e finalmente será apresentado às pessoas que ali chegaram pela primeira vez. Babá estará orientando, abençoando e punindo, se necessário, fazendo o papel de um verdadeiro pai, presente entre seus descendentes para aconselhá-los e protegê-los, mantendo assim a moral e a disciplina comum às suas comunidades, funcionando como verdadeiro mediador dos costumes e das tradições religiosas e laicas.
Finalizando a conversa com os fiéis e já tendo visto seus filhos, Babá-Egun parte, a festa termina e a porta principal é aberta: o dia já amanheceu. Babá partiu, mas continuará protegendo e abençoando os que foram vê-lo.
Esta é uma breve descrição de Egungun, de uma festa e de sua sociedade, não detalhada, mas o suficiente para um primeiro e simples contato com este importante lado da religião. E também para se compreender a morte e a vida através das ancestralidade cultuadas nessas comunidades de Itaparica, como um reflexo da sobrevivência direta, cultural e religiosa dos iorubanos da Nigéria.

terça-feira, 27 de março de 2007

ODUS PREDESTINAÇÃO YORUBA



ODUS, O ORÁCULO DOS ORIXÁS
Ifá, o senhor da adivinhação no CandombléAfro-brasileiro, indica os caminhos para você alcançarriqueza, amor, saúde e evolução espiritual
No momento em que um recém-nascido respira pela primeira vez, todas as energias do universo material e imaterial se ligam ao seu corpo.
Forma-se neste instante, um padrão de energias divinas, astrais e numerologias que é único para cada indivíduo. Nessa hora, a pessoa tem traçado o seu odu termo que, no Candomblé, significa caminho ou destino.
A informação é do babalorixá Ângelo d´Osayin, presidente do Centro de Estudos Afro-Brasileiros. Ele explica que os Odus constituem os signos do Ifá, o deus da adivinhação no Candomblé. Os odus são a linguagem dos Orixás, conta Ângelo. Quando o babalaô, o sacerdote de Ifá, lança os búzios no tabuleiro, cada configuração corresponde à um odu diferente, regido por determinado Orixá ou grupo de Orixás.
Existem dezesseis odus básicos, que podem ser associados à data de nascimento da pessoa. E cada pessoa tem cinco odus; quatro referentes à sua vida material e um referente ao seu caminho espiritual. O jogo de búzios é a forma ritual, sagrada, de descobrir os odus de uma pessoa, mas também é possível conhecê-los recorrendo à numerologia.
De um modo ou de outro, esse conhecimento é muito importante, pois os odus sintetizam o potencial de cada indivíduo, seus talentos e suas limitações. Os odus encorajam e advertem, conta Ângelo. Eles indicam traços fortes e pontos vulneráveis. Conhecendo-os, podemos lidar melhor com eles e viver bem. Pois o odu, o caminho espiritual, não pode ser trocado, mas pode ser lapidado.
Veja a seguir, como calcular os signos dos Orixás correspondentes à sua vida material e ao seu percurso espiritual, para que você possa trilhar com segurança o caminho da prosperidade, a saúde, a realização sexual e afetiva e o equilíbrio interior.
Como calcular
Para conhecer seus odus, tome como ponto de partida a data do seu nascimento. Trace num papel quatro linhas horizontais cortadas no centro por uma linha vertical. Essa linha vertical vai separar os algarismos em duas colunas: uma à esquerda e outra à direita. Escreva na primeira linha horizontal, usando as duas colunas, o número do dia em que você nasceu.
Se esse número for menor que 10, coloque um zero (0) na coluna da esquerda. Na segunda linha, escreva o número do mês (de 01 à 12). Se esse número for menor que 10, coloque um zero na coluna da esquerda. Na terceira linha, sempre usando ambas as colunas escreva os dois primeiros algarismos do ano em que você nasceu (19). Na quarta linha, usando as duas colunas, escreva os dois últimos algarismos do ano em que você nasceu. Some separadamente os algarismos de cada coluna. E sempre que o resultado ultrapassar 16, o número de odus básico, reduza-o somando os algarismos.
Veja o exemplo abaixo, de uma pessoa nascida em 25 de março de 1962:
1a linha
2
5
dia
2a linha
0
3
mês
3a linha
1
9
ano
4a linha
6
2
ano
Soma
9
19
Como 19, o total da segunda coluna, é maior que 16, você deve somar 1+9. Portanto no exemplo, o resultado da coluna da esquerda é 9 e o resultado da coluna da direita é 10.
A seguir desenhe uma cruz e escreva nas pontas dos braços da cruz as palavras Testa, Fronte Direita, Nuca e Fronte Esquerda, conforme o modelo:
Escreva o número correspondente à soma da coluna da direita (10, no exemplo) no ponto referente à TESTA, e o número correspondente à soma da coluna da esquerda (9, no exemplo) no ponto referente à NUCA.
Para encontrar o número correspondente à FRONTE DIREITA, some os dois números já obtidos (9 e 10). O resultado obtido é 19, que reduzido, dá 10 (1+9=10).
Para encontrar o número correspondente à FRONTE ESQUERDA, some os três números já obtidos : 10+9+10 = 29. Como o resultado (29) é superior a 16, o número de odus básicos, reduza-o: 2+9=11.
Para encontrar o número correspondente ao CENTRO DA CABEÇA, some os quatro números já obtidos 10+9+10+11 = 40, que reduzido dá 4 (4+0 = 4).
Escreva o resultado no meio da cruz:
O babalorixá Ângelo d´Osayin esclarece que os odus mais importantes para a orientação da pessoa são os da Testa, que reflete sua vida material, e o do centro da Cabeça, que reflete seu caminho espiritual. Os outros três odus equilibram e harmonizam as energias individuais, complementando as informações dos odus da testa e do centro da cabeça.
MENSAGENS DOS ORIXÁS
1. OKANRAN MEJIRegente: ExuElemento: FogoPessoas com esse ODU são inteligentes, versáteis e passionais, com enorme potencial para a magia. Seu temperamento explosivo faz com que raras vezes atuem com a razão. Têm sorte nos negócios. No amor, extremamente sedutoras, são muito inconstantes e mentem com facilidade. As mulheres têm como ponto vulnerável o útero.
2. EJIOKO MEJIRegente: Ogum com influências dos Ibejis e de ObtaláElemento: ArPessoas com esse ODU são intuitivas, joviais, sinceras e honestas. Revelam grande combatividade, mas não sabem conviver com derrota. Apesar de volúveis no amor, são muito ciumentas. Devem controlar obstinação e ter cuidado com a vesícula e com o fígado, seus pontos vulneráveis.
3. ETAOGUNDÁ MEJIRegente: Obaluaê com influência de OgumElemento: TerraPessoas com esse ODU em geral vêem seus esforços recompensados. Costumam vencer na política e conseguem obter grandes lucros nos negócios, particularmente nas atividades agrícolas, mas podem sofrer desilusões no amor e traições dos amigos. Emocionalmente inconstantes, estão propensas a ter problemas espirituais e físicos, embora na maioria dos casos consigam se recuperar com facilidade de qualquer doença. Seus pontos vulneráveis são os rins, as pernas e os braços.
4. IROSSUN MEJIRegente: Oxossi com influência de Xangô, Iemanjá, Iansã e EgumElemento: TerraPessoas com esse ODU são generosas, sinceras, sensíveis, intuitivas e místicas. Têm grande habilidade manual e podem alcançar sucesso na área de vendas. Entre os aspectos negativos estão a tendência a sofrer traições amorosas e a propensão a acidentes. Muitas vezes são vítimas de calúnias e da perseguição dos seus inimigos. Também precisam cuidar da alimentação, pois seu ponto vulnerável é o estomago.
5. OXÊ MEJIRegente: Oxum com influências de Iemanjá e OmuluElemento: ÁguaPessoas com esse ODU têm mão de magia, força e proteção espirituais, religiosidade e uma inclinação especial para o misticismo e as ciências ocultas. São ótimos professores e se destacam em qualquer atividade que exija liderança, mas precisam aprender a controlar sua vaidade e seu egocentrismo. Outro aspecto negativo é a tendência a se vingar quando estão com raiva. Seus pontos vulneráveis são o aparelho digestivo e o sistema hormonal.
6. OBARÁ MEJIRegente: Xangô com influências de Exu, Iansã, Oxossi. Oçanhe e LogunedêElemento: FogoPessoas com esse ODU têm grande proteção espiritual e costumam vencer pela força de vontade, especialmente em profissões relacionadas à Justiça. Mas são com freqüência vítimas de calúnias e não têm sorte no amor. Devem aprender a silenciar sobre seus projetos e a determinar por onde começá-los. Seu ponto vulnerável é o sistema linfático.
7. ODI MEJIRegente: Obaluaê com influências de Exu, Oxalufam e OxumarêElemento: TerraPessoas com esse ODU são ambiciosas e costumam ser bem sucedidas na sua profissão, mas a indecisão as leva a não concluir muitos dos seus projetos. Quando a fé as impulsiona, porém, ultrapassam todas as barreiras. Sonham com o poder e adoram se divertir, às vezes, provocam enormes confusões. Não têm sorte no amor. Seus pontos vulneráveis são os rins, a coluna e as pernas.
8. EJONILÊ MEJIRegente: Oxaguiã com influências de Xangô, Oxum e OxossiElemento: ArPessoas com esse ODU são dedicadas e honestas e levam uma vida quase sem sofrimentos. Mas estão sujeitas a acidentes graves. Amam com intensidade e têm amizades sinceras. Quando são repudiadas ou sofrem uma traição, podem se tornar vingativas. Devem evitar o consumo de álcool e de carne vermelha e se vestir de branco nas sextas-feiras. Seu ponto vulnerável é o sistema nervoso central.
9. OSSÁ MEJIRegente: Iemanjá com influências de Xangô, Oçanhe, Oxossi e IansãElemento: ÁguaPessoas com esse ODU são líderes natas, mas seu autoritarismo lhes cria sérios problemas, inclusive conjugais. O instinto protetor e a religiosidade também as caracterizam. Seus pontos vulneráveis são os conflitos psicológicos e, no caso das mulheres, os problemas ginecológicos.
10. OFUN MEJIRegente: Oxalufam com influências de Xangô e OxumElemento: ArPessoas com esse ODU são inteligentes, fiéis e honestas, capazes de dedicar atenção total ao seu amor. Têm amigos sinceros e elevada espiritualidade. Em contrapartida, mostram-se muito teimosas e tendem a sofrer perseguições e desilusões amorosas. Seus pontos vulneráveis são o estomago e a pressão arterial.
11. OWRYN MEJIRegente: Iansã com influências de Exu, Oçanhe e EgumElemento: Fogo Pessoas com esse ODU têm imaginação fértil, boa saúde e vida longa, mas as más influências e a falta de fé as levam a enfrentar dificuldades materiais e a só alcançar o sucesso depois de grandes sacrifícios. São muito volúveis no amor. As mulheres geralmente fracassam no primeiro casamento, mas acabam encontrando a felicidade. Devem evitar a bebida e outros vícios. Seus pontos vulneráveis são a garganta, o sistema reprodutor e o aparelho digestivo.
12. EJI-LAXEBARÁRegente: Xangô com influências de Logunedê e IemanjáElemento: FogoPessoas com esse ODU têm o dom de convencer os outros. Dotadas de grandes qualidades espirituais, são bondosas, justas e prestativas, embora às vezes se mostrem arrogantes. Apaixonam-se com facilidade e são muito ciumentas. Devem evitar bebida e podem ter problemas judiciais ou relacionados à perda de bens. Seu ponto vulnerável é a circulação sanguínea.
13. EJIOLIGIBAN MEJIRegente: Nanã com influência de ObaluaêElemento: TerraPessoas com esse ODU aceitam com resignação os sofrimentos físicos, emocionais e espirituais, conscientes de que todas as situações da vida são transitórias. Além disso, sua profunda fé termina por lhes assegurar vitória. Não têm muita sorte no amor. Dotadas de mão de cura, se destacam nos serviços médicos e de assistência psicológica e nas terapias alternativas. Seus pontos vulneráveis são o baço e o pâncreas.
14. IKÁ MEJIRegente: Oxumarê com influências de Oçanhe e NanãElemento: ÁguaBelas e sensuais, as pessoas com esse ODU têm aparência juvenil e forte poder de sedução. Vivem paixões arrebatadoras mas passageiras e estão sempre em busca de novos amores. Possuem talento para a magia e enorme força espiritual, que se manifesta através do olhar. Enriquecem com facilidade e se destacam na vida profissional e social, mas são desconfiadas e propensas a ter conflitos psíquicos. Seu ponto vulnerável são as articulações que podem lhes causar problemas de locomoção.
15. OGBEOGUNDÁ MEJIRegente: Oba com influências de EuaElemento: ÁguaPessoas com esse ODU são valorosas, combativas e imparciais, mas costumam sofrer desilusões amorosas, o que acentua sua agressividade e seu sentimento de rejeição. Têm saúde frágil: estão sujeitas a problemas nos olhos, ouvidos e pernas e a distúrbios do sistema neurovegetativo.
16. ALÁFIA ONANRegente: IfáElemento: ArCalmas, racionais e espiritualizadas, as pessoas com esse ODU têm domínio sobre suas paixões. São excelentes nas áreas de vendas e de artesanato, mas desistem facilmente dos seus projetos e perdem o interesse por aquilo que já conquistaram. Estão sujeitas a problemas cardiovasculares

sábado, 24 de março de 2007

VOODOO



Vodum


Vodou – Vodoun – Vodum – Voodoo – Voudun – Vodu – Vudu – Hoodoo - etc.
A palavra vodou é de origem Ewe/Fon e significa força divina, espírito, força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e ancestrais divinizados.
No século XVIII o rei Agajá consolidou as crenças de vários clãs e aldeias, formando um “sistema espiritual dos Voduns”. Isso gerou uma enorme variação do termo, devido a quantidade de dialetos usados por esses clãs e aldeias, que somado a influência francesa, passaram a falar como entendiam.
Essa diversificação fonética dá-se também por conta dos idiomas de pesquisadores que “invadiram” a África, em busca de conhecimento sobre o Vodou. No Brasil, por exemplo, usamos o fonema Vodum.
A palavra Hoodoo não é uma variante de Vodou. O Hoodoo é uma sociedade haitiana similar as que existem no Benin (Sociedade do Bo) e Ghana (Sociedade Jou-Jou), onde pessoas são preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas usando elementos da flora, da fauna e do mineral.
Como sou brasileira usarei daqui por diante o termo “Vodum”.
Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomey, lá não existia o culto de Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência espiritual que o ajudasse a combater os problemas que o atormentava. Mandou chamar um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os oráculos.
A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e construiu seus templos. Com isso Dahomey passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito.
No período da escravidão, muitos daomeanos foram levados para o novo mundo e com eles a cultura e o culto dos Voduns.
Os Voduns cultuados no Brasil são originário da África, sua práticas e tradições se mantiveram intacta como era no Dahomey (atual Benin) desde o começo dos tempos.
A nação Jeje sofreu por alguns anos uma queda em seus cultos, devido a falta de informações. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil.
Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens e levantar a bandeira da nação. Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam na “própria carne” a passar seus conhecimentos e não deixar que nossa nação venha a sofrer novos abalos ou quedas. Com a proliferação de estudos e pesquisas sobre os Voduns, alguns dos mais velhos que ainda estão vivos resolveram colaborar e nos passar alguns conhecimentos.
A primeira coisa que os adeptos do Jeje devem aprender é a diferença entre Voduns e Orixás, (esse assunto vocês encontram no tópico Jeje África). Vodum é Vodum, Orixá é Orixá; Oya não é Vodum Jô. Aziri não é Oxum, Naetê não é Yemanja, etc.
Assim como na África, também fazemos Orixás dentro dos templos de Vodum, mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros, aceitos em nossos templos. Esses Orixás são tão respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos dois deuses (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás. Para nós Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Omolu, etc. Esse diferença também é registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”.
Falar sobre os Voduns é uma tarefa de muita responsabilidade. No meu caso é o resultado de 30 anos vividos dentro do culto, somado as minhas pesquisas e estudos.
Os Voduns são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que se subdividem em linhagens.
A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdividem-se em famílias.
No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os Voduns são interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos e atitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de da casa.
Em minhas pesquisas encontrei mais de 450 Voduns; alguns cultuados no Brasil outros não. Acredito que com esse resgate poderemos ampliar nossos cultos e voltar a reverenciar Voduns, que tinham desaparecido devido a falta de informações, assim como admitir em nossos templos esses Voduns encontrados.
O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional

quinta-feira, 22 de março de 2007

HISTORIA BATUQUE


Batuque no Rio Grande do Sul
Introdução
Para um entendimento mais facilitado, teremos que traçar uma linha na África na altura do Golfo de Benin, onde encontraremos ao Sul os Bantos, que cultuavam além dos Orixás os espíritos dos antepassados mortos (é sabido que em Benguela, na Angola, existia um culto chamado de "orodere" semelhante ao conhecido "espiritismo", se compararmos hoje, a religião que cultua Orixás e espíritos de antepassados é a Umbanda, com seus pretos-velhos, caboclos e Orixás. Já ao Norte encontramos nosso alvo, os negros Sudaneses, que cultuavam os Orixás como os meios de ligação entre os homens e o Deus maior, Olorum, características da Nação, Batuque.
Para o Rio Grande do Sul desceram os negros da Costa da Guiné ou Nigéria, com suas Nações: Jeje, Ijexá, Oyó e Nagô. Como a escolha de ficar juntos ou não, não pertencia aos negros, estes eram misturados nos navios, havendo assim uma união de Nações, destacando-se suas peculiaridades. Nascendo assim outras nações: Jeje-Ijexá, Jeje-Oyó, Jeje-Nagô, e assim por diante.
Não podemos dar uma data certa ao nascimento do primeira Casa de Nação no Estado, mas segundo o professor e amigo Norton Corrêa, existem várias suposições que nos fazem chegar a mais ou menos 150 anos atrás, onde os documentos da época nos mostram que na Região de Rio Grande (entrada oficial de negros no Estado), existia uma grande concentração de negros livres, inclusive Nordestinos, este último fato não podemos desprezar, pois as semelhanças entre o Batuque e o Xangô de Pernambuco são muito grandes.



Batuque
O Batuque é um culto afro-brasileiro (por que não dizer afro-gaúcho), com influência sudanesa, onde são cultuados 12 Orixás. Os Orixás são espíritos naturais, a própria encarnação da natureza, que se utilizam do Cavalo-de-Santo para se manifestar na terra, trazendo suas características sob influência da Mãe Natureza. Estes Orixás são: Bará, Ogum, Iansã, Xangô, Odé, Otim, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá. Podemos dividir estes Orixás em dois grandes grupos: os Azedos, de Bará até Xapanã e os Doces de Oxum a Oxalá, características estas que são representadas em suas oferendas e manifestações na terra, os azedos ao se manifestarem são mais bruscos e levam em suas frentes ou oferendas o Epô (azeite de dendê), já os doces quando chegam no mundo são suaves e na sua grande maioria mais velhos e o mel é o que melhor os representa, neste enfoque.
Ainda encontramos outros subgrupos identificados em alguns Orixás com o primeiro nome, seguido de um segundo, como por exemplo:
Bará:
Bará Legba, Bará Lodê, Bará Lanã, Bará Adaqui e Bará Agelú
Ogum:
Ogum Avagã, Ogum Onira, Ogum Olobedé e Ogum Adiolá
Iansã:
Iansã, Oiá Timboá e Oiá Dirã
Xangô:
Xangô Agandjú de Ibedji, Xangô Agandjú e Xangô Agogô
Xapanã:
Xapanã Jubeteí, Xapanã Belujá, Xapanã Sapatá
Oxum:
Oxum Pandá de Ibedji, Oxum Pandá, Oxum Demun, Oxum Olobá e Oxum Docô
Iemanjá:
Iemanjá Bocí, Iemanjá Bomí e Nanã Borocum
Oxalá:
Oxalá Obocum, Oxalá Olocum, Oxalá Dacum, Oxalá Jobocum e Oxalá de Orumiláia.
Estes segundos nomes dos Orixás poderemos explicar como se em nossa vida terrena, fosse uma classificação por idade ou até mesmo sua área de atuação. Existem ainda um terceiro nome que cada Orixá identifica no jogo de Búzios, este nome passa a ser a identificação secreta, que cabe apenas ao Pai-de-Santo, ao filho e ao Orixá obviamente, ficando o Orixá com três nomes: como por exemplo Bará Lodê Beí, este terceiro é o segredo. Os Orixás que não possuem a subdivisão, o segredo passa a ser o segundo nome, exemplo: Ossanha Ossí
Assim como nomes, cada Orixá tem seu tipo de ave, seu tipo de animal de quatro patas e seu tipo de oferenda.
O Orixá sem ser em festas ou obrigações (rituais) que veremos a seguir, se comunica com seus fiéis através do Ofá (jogo de Búzios), utilizando as mãos e intuição de um pai ou mãe-de-santo. O jogo de Búzios é a principal, eficaz e mais rápida ferramenta, de sabermos sobre o mundo, necessidades de homens e dos próprios Orixás, a fim de melhorar o andamento das coisas.
Toda pessoa ao nascer recebe um Orixá na cabeça, outro no corpo, este casamento de Orixás, da cabeça com o corpo, denominamos de Adjuntó, e em alguns casos nas pernas, pés e assim por diante, este Orixá é visualizado quando é jogado os búzios pelo Pai-de-Santo, que também ficará sabendo, normalmente neste jogo, se esta pessoa necessitará fazer alguma Obrigação religiosa ou apenas um simples trabalho, não tendo que se comprometer mais a fundo com a Religião.

terça-feira, 20 de março de 2007

SOCIEDADE DE BARA LODE

Orixá dinâmico e jovial. É o intermediário entre os homens e as divindades, por ser dono dos caminhos e das encruzilhadas, simboliza o movimento. Dia da semana: segunda-feiraCor: vermelhaGuia: vermelha ou corrente de açoParte do corpo Bará rege: esqueleto, pênis, pâncreas, uretra, urina, sangue.Ferramentas: foice, chave, corrente, garfo, ponteira, punhal e cachimbo.Lugar de oferendas: cruzeiros abertos, fechados, encruzilhadas.Aves: galo vermelho ou casal de galinhas d'angolaPombo: preto e cinzaQuatro - pé: bode preto para Bará Lodê, cabrito branco para Bará AgelúPeixe: pintadoFrutas: manga, ameixa vermelha, butiá, maracujá, cana-de-açúcar.Sobrenomes de Orixá: Lodê, Lanã, Tiriri, Adague, Burucu, Baluaê, Agelú,Toquí, Demí, Alupanda, Bi, Leba, Abanada, bô, Tolabí Flor: cravo vermelhoCaracterísticas: dono dos cruzeirosDia do ano: Lodê 29 de junho, demais Barás 13 de junho·.Doce: caramelo, mel, negrinho (brigadeiro), bombons etc.Ervas: fumo brabo, dinheiro em penca, arruda macho, alevante guiné, orô, arnica, cipó-mil-homens, carqueja, canela.Saudação: alupoApelido: meninoAnimal de estimação: ratoFunção: abertura de caminho demanda etc..Santo que representa: Lodê: São Pedro, demais Barás: Santo Antônio.Dia do Ano: 13 de junho e 29 de junhoPrimeiro Orixá do Panteon Africano, é dinâmico e jovial. É o intermediário entre os homens e as divindades, considerado o mensageiro. Dono dos caminhos e das encruzilhadas simboliza o movimento, portanto fecha e abre os caminhos. É um orixá das questões mais imediatas relacionadas a dinheiro e trabalho. É a ele que pedimos abertura nos negócios financeiros, pedimos que leve aos demais Orixás os nossos pedidos e agradecimentos, não teremos êxito sem antes pedirmos e ofertarmos algo ao Orixá Bará.Os Barás dividem-se basicamente em dois tipos: "os de dentro de casa": Bará Agelú, Lanã, Adague, etc, considerados mais calmos em relação a Bará Lodê , o Bará da Rua, considerado violento e por isso é muito respeitado. O Bará Lodê é o guardião do templo e por isso deve-se cumprimentá-lo por primeiro ao entrar num terreiro de batuque. Seu assentamento e seus pertences ficam guardados á parte numa casinha, geralmente vermelha, na parte frontal do templo. Acompanham o Bará Lodê: Ogum Avagã e Iansã Timboá, igualmente denominados Orixás de rua. É o mais humano dos orixás, por exemplo: adora agrados e oferendas, detesta água e chuva, nos dias chuvosos é inútil lhe entregar oferendas, nestes dias é melhor deixá-los guardado no Quarto-de-Santo ou Peji até que a chuva cesse.Aqueles que são regidos por Bará, apresentam uma personalidade muito marcante e um comportamento cotidiano muito diverso. São pessoas altamente fiéis aos seus princípios, aos amigos e ás suas causas. São corajosos e dedicados. Amáveis, não medem esforços nem sacrifícios para auxiliar aqueles que ama. Excelentes amantes, a virilidade é uma característica básica daqueles regidos por este orixá.Características Positivas: São comerciantes hábeis e espertos, profissionalmente sempre chegam ao seu objetivo, mesmo que para isto tenham que se empenhar de corpo e alma para conseguirem seus intentos. Fortes, capazes, românticos, felizes, participativos, francos, espertos, inquietos, saudáveis, sinceros, astutos, atentos, rápidos, despachados e sagazes. Lendas:Bará teve numerosas brigas com outros orixás, nem sempre saindo vencedor. Certas lendas nos contam seus sucessos e seus reveses nas suas relações com Oxalá, ao qual fez passar alguns maus momentos, em vingança por não haver recebido certas oferendas, quando Oxalá foi enviado por Olodumaré, o deus supremo, para criar o mundo. Bará provocou-lhe uma sede tão intensa que Oxalá bebeu vinho de palma em excesso, com conseqüências desastrosas..